sábado, 17 de abril de 2010

BENTO XVI: 5º ANO DE REINADO

HÁ CINCO ANOS, NO DIA 19 DE ABRIL DE 2005, O CARDEAL ALEMÃO JOSEPH RATZINGER ERA ELEITO O 265º PAPA DA HISTÓRIA DA IGREJA, SUCEDENDO, POR EXTENSÃO DOS FATOS, A JOÃO PAULO II.
RATZINGER RESOLVEU ADOTAR, COMO PONTÍFICE, O NOME DE BENTO XVI (EM LATIM: BENEDICTUS!).


PARA ASSINALAR A PASSAGEM DO 5º ANO DA ELEVAÇÃO DO CARDEAL RATZINGER AO SUMO PONTIFICADO, SEGUE ESTE TEXTO, DE AUTORIA DO PROF. OSMAR LUCENA FILHO:


“TU SABES QUE TE AMO!

Ainda ressoam bem vivas, na mente de muitos católicos, as palavras com que Sua Eminência o Cardeal Jorge Arthur Medina Estevez, de origem espanhola, então protodiácono do Sacro Colégio Cardinalício, ao cair da tarde de 19 de abril de 2005, ao assomar à sacada central da Basílica de São Pedro, anunciou, "Urbi et Orbi", isto é, à cidade de Roma e ao mundo inteiro, há 5 anos, a eleição do 265º Papa da História da Igreja Católica.

Conforme antigo costume, que remonta à época anterior ao reinado de Inocêncio VIII, papa de 1484-1492, esta solene comunicação aconteceu na língua oficial da Igreja, ou seja, em Latim, exatamente nestes termos: "Annuntio vobis gaudium magnum; habemus Papam: Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Josephum Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Ratzinger qui sibi nomen imposuit Benedictum XVI". Traduz-se: “Anuncio-vos uma grande alegria: temos Papa! O mais eminente e o mais reverente Senhor... Joseph, Cardeal da Santa Igreja Romana, Ratzinger, que atribuiu a si mesmo o nome de Bento XVI.”

Naquele fim de tarde, não mais às margens do Mar de Tiberíades, mas num ambiente majestoso, como a Capela Sistina (construída no século XV, pelo Papa Sisto IV), então se renovava, entre Jesus e o Cardeal Joseph Ratzinger, o eleito, o diálogo que o Divino Mestre travara com Simão Pedro, por volta do ano 33: “SIMÃO, FILHO DE JOÃO, TU ME AMAS MAIS DO QUE ESTES?” Questionamento grave, aquele que o Messias fazia ao Pescador da Galileia, exigindo-lhe uma resposta pronta e sem reservas. Pedro não titubeou, e respondeu: “SIM, SENHOR, TU SABES TUDO, TU BEM SABES QUE TE AMO!”.

Ratzinger fez o mesmo! Como, só para citar os papas dos últimos tempos, assim o fizera Karol Józef Wojtyla (João Paulo II) em 16.10.1978; Albino Luciani (João Paulo I) em 26.08.1978; Giovanni Battista Montini (Paulo VI) em 21.06.1963; Angelo Giuseppe Roncalli (João XXIII) em 28.10.1958; Eugenio Maria Giuseppe Pacelli (Pio XII) em 2.03.1939; Ambrogio Damiano Achille Ratti (Pio XI) em 6.02.1922; Giacomo della Chiesa (Bento XV) em 3.09.1914; e Giuseppe Melchiorre Sarto (Pio X) em 4.08.1903.

A partir de então, o timão da Barca de São Pedro passara aos cuidados pastorais do cardeal alemão, que havia sido um grande colaborador e amigo próximo do papa recém morto, João Paulo II.

265 papas! É a marcha da Igreja: invencível e perpétua, pois seu projeto é divino. O próprio Cristo a Pedro, o primeiro pontífice, já assegurara: "Tu és PEDRO, e sobre esta PEDRA constituirei a MINHA IGREJA". E, para a tranquilidade do Apóstolo, acrescentoU: "E as potências do inferno não terão poder sobre ela".

A História, de fato, no-lo atesta: impérios ruíram, formas e sistema de governos se foram, dinastias se diluíram; o "papado", contudo, permanece de pé, firme e inabalável, mesmo quando a nau de Pedro está a singrar por mares agitados, açoitada, de forma inclemente, pelas procelas dos tempos modernos. Todos os homens que foram elevados ao ofício do supremo apostolado (o papado) souberam preservar e, assim, manter intacto, o "depositum fidei" (depósito da Fé), herança recebida dos Apostólos.

Agora, para alegria da catolicidade, quem está sentado no "Trono" mais excelso do planeta, é o Papa Bento XVI: o "sacerdos magnum", o teólogo renomado, o eminente e culto professor, o escritor poliglota, mas, como ele mesmo afirmou na primeira saudação, que fez, ao mundo, quem, de fato, ocupa a Cátedra de Pedro é “um simples e humilde trabalhador da Vinha de Nosso Senhor”.

Na pluralidade de idiomas, de que ele é conhecedor, sobressai uma só mensagem, mas a principal, que, de resto, é a missão de todo papa, e de todos os cristãos: anunciar que “DEUS CARITAS EST”.


(Osmar Lucena Filho - Piquet Carneiro-CE)

quinta-feira, 15 de abril de 2010


DOM ALBERTO GAUDÊNCIO RAMOS
* 30 de março de 1915
+ 26 de novembro de 1991

Na série que resolvi intitular "CLÉRIGOS QUE HONRARAM, COM O TESTEMUNHO DE SUA VIDA, A SANTA IGREJA", dou enfoque, neste artigo, à figura eminente, e já saudosa, de Dom Alberto Gaudêncio Ramos (1915-1991), 7º arcebispo metropolitano de Belém do Pará, a quem tive o merito de conhecer, em visita que lhe fiz, no velho Palácio Episcopal de Belém, acompanhado do Pe. Francisco Nobre, então Vigário de Santa Maria do Pará-BE, em janeiro de 1991, e do qual ganhei - por ele autografado, pois de sua autoria! - precioso livro sobre a Igreja na Amazônia, intitulado "Cronologia Eclesiástica do Pará".

Diz, de Dom Alberto Ramos, a Wikipédia - a Enciclopédia Livre:

"Homem erudito, grande orador sacro, foi membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e do Conselho de Cultura do Pará.

Participou do Concílio Ecumênico Vaticano II. Registrou fatos e crônicas do Concílio em um jornal-mural denominado "O Conciliábulo". Aplicou as normas do Concílio na Arquidiocese de Belém e realizou inúmeras atividades pastorais de relevo."

O texto que segue, retirado do Informativo Pastoral da Arquidiocese de Belém do Pará, em sua edição de nº 10, emitida em outubro de 1989, é de autoria do próprio Dom Alberto Gaudêncio Ramos, no qual o douto e piedoso arcebispo belemense discorre acerca de seu Jubileu Áureo de Ordenação Sacerdotal.

Um belo e inspirado artigo, que, de fato, vale a pena, conferir!

(Osmar Lucena Filho)

ARTIGO DE DOM ALBERTO GAUDÊNCIO RAMOS


5O ANOS DE BÊNÇÃOS

Já diversas vezes me perguntaram se eu nunca tinha me arrependido de abraçar a vida sacerdotal. Mesmo que eu tivesse permanecido sem nenhuma honraria eclesiástica e sem o peso da responsabilidade episcopal, posso proclamar "tuta conscientia", como o saudoso dom Mário Villas-Boas, que tudo se resumiria em meu ideal "Ser padre, e nada mais do que padre".

No primeiro minuto do ano de 1939, eu havia regressado da hora santa na Catedral, e estava recolhido a um quarto do velho Seminário, quando começaram a soar os primeiros bronzes da zero hora, pulei da rede, ajoelhei-me e dei largas à minha alegria por haver assim penetrado no ano de minha ordenação sacerdotal. Tenho ainda a ingenuidade de revelar que, por várias vezes, sonhei com Jesus a chamar-me para o sacerdócio, enquanto eu retrucava: "... mas ainda não conclui o curso de Teologia".

Ser instrumento da graça divina, levar o bálsamo espiritual a muitas almas, é na verdade profundamente consolador!

Numa de minhas primeiras missas em latim e com muito ritualismo, fui assistido pelo cônego Américo Leal, cura da Sé. Depois ele comentou com o padre Faustino Brito: "Alberto celebra com tanta segurança que já parece um padre velho".

Sempre me preocupara muito com a Liturgia, mas evidentemente ao invés de "segurança" seria preferível que o meu amigo tivesse dito "piedade".

Hoje, ao completar 23.423 missas já celebradas, bem ou mal, apressadas ou refletidamente, piedosa ou um tanto distraidamente, tenho a consciência de que jamais profanei o Santo Altar, jamais deixei de fazer o que Jesus queria que eu fizesse".

Dos poucos jovens que procuraram o sacerdócio, durante o tempo em que o Seminário de Belém permaneceu fechado (1925 a 1933) fui eu o único a atingir a meta final. A reabertura do estabelecimento fundado pelo padre Gabriel Malagrida, foi certamente o maior gesto de dom Antônio de Almeida Lustosa, pois possibilitou que nove anos depois o Clero voltasse a receber novos elementos, cheios de entusiasmo, como Edmundo Igreja, Milton Pereira, Hélio Alves, Osmar do Rosário Alves, Ápio Campos, Nelson Brandão Soares, etc.

Graças, muitas graças, por conseguinte, sejam dadas ao Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, Nosso Senhor!.

+ Alberto Ramos
Arcebispo de Belém



TEXTO POSTADO POR
Osmar Lucena Filho