segunda-feira, 8 de março de 2010

CLÉRIGOS QUE HONRARAM, PELO TESTEMUNHO DE SUAS VIDAS, A SANTA IGREJA - 1


DOM ANTÔNIO DE ALMEIDA LUSTOSA
(* São João del-Rey-MG, 1886 + Carpina-PE, 1974)
2º Arcebispo Metropolitano de Fortaleza-CE
Governo episcopal: 1941 até 1963
Dom Lustosa foi transferido, em 19 de julho de 1941, de Belém do Pará, para Fortaleza, por determinação do Papa Pio XII.
Tomada de posse na Arquidiocese de Fortaleza: 5 de novembro de 1941.
Renunciou a sobredita função em 19 de fevereiro de 1963, recolhendo-se ao convento dos Salesianos, em Carpina-PE, onde a morte o colheu no dia 14 de agosto de 1974.
Dom Antônio Lustosa foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana de Fortaleza, ao lado de Dom Manuel da Silva Gomes, seu predecessor no Governo pastoral desta.
Uma grande lousa, com inscrições em latim, assinala sua sepultura.
Eis o texto:
HIC ASSERVANTVR
BEATAM DIEM RESSVRRECTIONIS SPECTANTIA
CINERES ET OSSA DOMINI
ANTONII DE ALMEIDA LUSTOSA
PIIS VELATA FLETIBVS
PRECIBVS ET ANIMO GRATO
FORTALEXIENSIS ARCHIDIOECESIS
QVAM TANTVS HOMO DEI
VIRTVTE CLARVS ET OPERIBVS
AD ANNOS DVOS ET VIGINTI
PRVDENS AC SAPIENTER REXIT
APVD CIVITATEM SÃO JOÃO DEL-REI (MINAS GERAIS)
IN LVCEM VENIT XI II MDCCCLXXXVI
CARPINAE (PERNAMBUCO) XIV VIII MCMLXXIV
SENIO AC MORBO LENTE CONSVMPTVS
AD PATREM REVERSVS COELITIBVS SOCIATVS
OMNE VIVET PER DEVVM
MAGNALIA LAVDANDO TRINITATIS
IPSIVS CORPORI SOLEMNITER SEPELIENDO
METROPOLITA EPISCOPI PRESBYTERI
PRIMORES CIVITATIS
ET MAGNA NIMIS POPVLI MVLTITVDO
COMMOTI ADFVERE
TEXTO, PESQUISA E POSTAGEM:
OSMAR LUCENA FILHO

quarta-feira, 3 de março de 2010


DOM BEDA PEREIRA DE HOLANDA, OSB
104º Abade do Mosteiro de São Bento de Olinda
Abaciado: 1995 a 2002
Nasceu em 8 de agosto de 1938
Emitiu os votos monásticos em 8 de dezembro de 1964
Ordenado padre em 24 de outubro de 1969
Eleito abade em 19 de março de 1995
Bênção Abacial: 25 de março de 1995
Resignou em 2002
(Cf. Dados colhidos no Diretório Litúrgico da Congregação Beneditina do Brasil, edição de 2009)
Observação: O texto a seguir, sobre Dom Beda Pereira de Holanda, OSB, é da lavra do ilustre escritor Edson Nery da Fonseca, oblato beneditino e professor emérito da Universidade de Brasília, tendo vindo à luz no Jornal do Comércio, de Recife-PE, em data 3 de abril de 1995.
"MAIS AMADO QUE TEMIDO"
"Dom Beda Pereira de Holanda é o centésimo quarto abade de Olinda"
"O sertanejo teme a seca na mesma medida em que ama a chuva propiciadora da colheita do milho plantado no dia de São José. Eu estava pensando nisso depois da missa conventual do dia 19 de março. Fui conversar no claustro do mosteiro, enquanto os monges capitulares se reuniam mais uma vez para eleger o novo abade.
Logo depois ouvi uma salva de palmas no Capítulo: sinal de que tínhamos abade. Os postulantes, noviços e professos simples foram chamados para conhecer o resultado da eleição e eu voltei à igreja abacial para o Te Deum que, como de costume, entoa-se logo após a eleição de uma abade.
O Te Deum é o grande hino do universo, atribuido por alguns a santo Ambrósio e por outros a Santo Agostinho. (...)
Dom Beda Pereira de Holanda é o centésimo quarto abade de Olinda, numa sucessão que data de 22 de agosto de 1596, quando se iniciou o abaciado de Frei Mâncio da Cruz. Ele escolheu como lema de seu brasão abacial uma das frases mais belas da Regra de São Bento: aquela em que o santo patriarca determina aos abades que sejam mais amados que temidos.
Comentando este versículo 15 do capítulo 64 da Regra, lembra o erudito beneditino García Colombás que, embora a predominância do amor sobre o temor tenha sido prescrita na Regra de Santo Agostinho, sua origem remonta a autores como Cícero, Sêneca, Tácito, Homero e Xenofonte. Assim, a mensagem beneditina plus amari quam timeri tem raízes tanto na sabedoria do deserto como na cristã e na clássica. Eis o retrato fiel do novo abade: deseja ser mais amado que temido. Retrato psicológico. Radiografia de uma alma.
Batizado com o nome de Antônio, ele foi recebido no mosteiro pelo antigo abade Basílio Penido, que lhe deu o nome monástico de Beda, o venerável santo beneditino do século VIII, muito caro a seus patrícios ingleses, por haver escrito a monumental história eclesiástica da nação. Canonizado por Leão XIII em 1899, a ele devemos a abreviatura AD (Anno Domini) para datar a história da humanidade a partir do nascimento de Cristo.
O novo abade é natural de Ouricuri, e logo me lembro de Ascenso Ferreira entoando seu poema: ´Sertão! - Jatobá! - Sertão! - Cabrobró! - Cabrobró! / Ouricuri! / Exu! / Exu! / Lá vem o vaqueiro, pelos atalhos, /tangendo as reses para os currais... / Blém... blém... blém... cantam os chocalhos / dos tristes bodes patriarcais´.
Nós da Zona da Mata nos acostumamos com a literatura do massapê: a poesia de Manuel Bandeira e João Cabral, o romance de José Américo e José Lins do Rego, o ensaio de Joaquim Nabuco e Gilberto Freire. É preciso, entretanto, não esquecer o Sertão imortalizado pela música poética de Luiz Gonzaga e pela arte armorial de Ariano Suassuna.
É deste sertão da Asa branca e da Pedra do reino que vem o novo abade beneditino de Olinda. Vem para ser mais amado que temido. Amado como a chuva propiciadora da colheita do milho plantando no dia de São José."
POSTADO POR
Osmar Lucena Filho

terça-feira, 2 de março de 2010


BENEDITINOS DE OLINDA
FOTO DA COMUNIDADE MONÁSTICA REUNIDA NA CAPELA ABACIAL EM 2005
O SEGUNDO MONGE, SENTADO, DA ESQUERDA PARA A DIREITA, É DOM BERNARDO ALVES DA SILVA, OSB, QUE FOI 105º ABADE DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DE OLINDA, ENTRE 2002 E 2006.
SEGUE-SE-LHE: DOM MARCELO PINTO CARVALHEIRA (ARCEBISPO EMÉRITO DE JOÃO PESSOA) E DOM GERARDO WANDERLEY, OSB, ENTÃO PRIOR DA ABADIA DE OLINDA.
EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA, O SEXTO MONGE É DOM POLICARPO RIBEIRO DE MENEZES, OSB.

segunda-feira, 1 de março de 2010

DOM BASÍLIO PENIDO, OSB
(* 1914 + 2003)
102º ABADE DO MOSTEIRO DE OLINDA
ABACIADO: 1962 até 1987
BIOGRAFIA DE UM GRANDE ABADE
"Desde adolescente, o carioca José Maria Penido Filho (futuro dom Basílio), de Copacabana, pensava em ser padre. O coral dos jesuítas, de que fazia parte quando era aluno do Colégio Santo Inácio, lhe despertou o desejo de seguir as pegadas dos mestres. Estava decidido a ser jesuíta. Pouco depois que terminou o ginásio, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo (RJ), mas o pai, almirante José Maria Penido, mesmo não se opondo à vocação do Juca (apelido do jovem), fez-lhe ponderar que seria bom passar antes por um curso superior. Juca deixou o noviciado e formou-se em medicina, na Praia Vermelha, onde funcionava a maioria das faculdades da então Universidade do Brasil.Companheiro de primeiras letras de Vinícius de Moraes, Juca achou que sua vocação não seria a de médico. Tampouco, a de simples poeta. Enquanto freqüentava a faculdade começou a participar das reuniões de um grupo de jovens da Ação Universitária Católica (AUC), que tinha surgido por obra e graça do professor Alceu Amoroso Lima, recém-convertido ao catolicismo. O grupo reunia-se no Centro Dom Vital (fundado em 1932) e, pouco depois, Juca conheceu o monge beneditino dom Martinho Michler, que pregou um retiro memorável para os rapazes da AUC.Em 1933, Juca resolve também ser monge, mas sem pressa. Seguiria a trilha dos Penido, que tantos e tão ilustres sacerdotes deu à Igreja: o jesuíta João Bosco Penido Burnier, morto a tiros em 1976; o surdo-mudo padre Vicente Penido Burnier; o dominicano e exegeta bíblico frei Martinho Penido Burnier; e o padre Maurílio Teixeira Leite Penido, teólogo de fama internacional. Começou por participar do primeiro curso de teologia que os beneditinos organizaram para leigos no Brasil.A 7 de dezembro de 1935, Juca - então com 23 anos e depois de ler a História de uma alma, de Santa Teresinha do Menino Jesus - entra para o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Na portaria, fuma seu último cigarro.Dois anos depois, ingressa no noviciado e recebe o nome de Basílio, em homenagem a São Basílio de Cesaréia. Depois de ordenado sacerdote (7/12/35), dom Basílio foi diretor da Editora Lumen Christi, do mosteiro, e começou a lecionar filosofia e religião no Colégio São Bento, do qual se tornou reitor (1948-54). Além de dirigir os estudos, introduziu um novo estilo de relacionamento entre reitor e alunos. Com eles jogava bola e sempre arranjava tempo para ouvi-los e ajudá-los a resolver problemas pessoais.Em 1960 foi nomeado prior do mosteiro carioca, mas no ano seguinte os superiores mandaram-no para o mosteiro de Olinda (PE) a fim de assumir o lugar do velho abade dom Bonifácio Jansen. E em 1972 foi eleito abade presidente da Congregação Beneditina Brasileira - o cargo máximo da Ordem de São Bento no Brasil, com 24 mosteiros (nove masculinos e 15 femininos). De todos os monges e monjas, ele se sentia verdadeiro pai. Quando fez 80 anos, ele se disse muito feliz por ser monge e ter sido eleito abade, abbas, pai: ""Me dá a oportunidade de exercer a paternidade espiritual"". Durante os 24 anos em que foi abade (1972-96), dom Basílio mostrou bem ser a pessoa indicada para o cargo. Já em 1967 (dois anos depois de concluído o Concílio Vaticano II) ele tinha fundado a Comissão de Intercâmbio Monástico do Brasil para aproximar mais entre si as famílias religiosas de diferentes origens que vivem no Brasil e seguem a regra de São Bento (congregações brasileira, americana, francesa, ita liana e húngara, congregação das irmãs missionárias beneditinas de Tutzing, cistercienses e trapistas).Responsável número 1 pela família beneditina brasileira, dom Basílio conseguiu da Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares, do Vaticano, duas mudanças consideradas até então impossíveis: a retirada das grades por trás das quais vivem as monjas enclausuradas e a faculdade de as abadessas poderem participar na eleição dos superiores da Ordem. Graças também a ele, foram fundados no Brasil oito mosteiros femininos. A ele, ainda, se deve a fundação de três mosteiros masculinos: Ponta Grossa (PR), Garanhuns (PE) e Brasília.Em 1987 dom Basílio renunciou ao cargo de abade de Olinda e, três anos depois, foi para o mosteiro de Brasília, fundado pessoalmente por ele e construído perto da Ermida de Dom Bosco, no final do Lago Sul. Desse mosteiro ele foi prior de 1990 a 1996. Neste ano voltou para Olinda, até que em junho de 2000, regressou, doente, ao mosteiro do Rio. E aqui, no dia 10 de setembro seguinte, sofreu um derrame cerebral de que resultou a hemiplegia no lado direito.Durante 24 anos dom Basílio foi membro do Sínodo da Ordem de São Bento, do qual fazem parte o abade-primaz (superior geral) e os outros 21 abades-presidentes das demais congregações beneditinas confederadas. E muitos anos também integrou a diretoria nacional da Conferência dos Religiosos do Brasil e foi dela presidente regional no Recife.Era um homem culto. Além do inglês que aprendeu com sua governanta, dom Basílio falava francês fluentemente. Fez o primário em Paris, no mesmo colégio em que estudara Guy de Fontgalland (menino que morreu com fama de santo), quando o pai era adido naval do Brasil junto à Liga das Nações. Foi sempre um apaixonado pela literatura francesa. Leu Bernanos e Mauriac, Péguy e Psichari, Claudel, Marcel e Mounier. Toda a literatura católica francesa lhe era familiar, de Pascal a Maritain. Foi amigo pessoal de Georges Bernanos. Muitas vezes o autor do Diário de um pároco de aldeia (que viveu em Barbacena, MG, nos anos 1938-45) subiu a ladeira do São Bento para conversar, horas a fio, com dom Basílio - um jovem precocemente calvo, magro, alto, sempre de hábito negro e que lhe abria um sorriso fraternal. Um dia, Bernanos escreveu num de seus livros a seguinte dedicatória: ""Para dom Basílio, o filho que não mereci, o filho de que não fui digno e que respeito como se fosse meu pai"".Dom Basílio foi a encarnação de um verdadeiro líder. Nenhum problema político e social lhe era indiferente em se tratando do povo a que o ligava sua vocação de monge e cristão, do que deu sobejas provas no Nordeste. E nos anos mais negros da ditadura militar mostrou extraordinária coragem ao denunciar as torturas e os maus-tratos sofridos pelos presos políticos em dependências militares do Recife. Amigo pessoal do marechal Castello Branco e dos generais Antônio Carlos Muricy e Alfredo Malan, com eles soube dialogar mas sem deixar nunca de tomar posição em favor dos perseguidos. Chegou mesmo a esconder em celas do seu mosteiro jovens que o Dops procurava.
Depois de dois anos e oito meses doente com hemiplegia em decorrência de um derrame cerebral, morreu nesta segunda-feira, dia 2 de junho de 2003, aos 88 anos, no Mosteiro de São Bento. O enterro deu-se no claustro do Mosteiro de São Bento, a seguir à missa de corpo presente, às 10h, de 3 de junho."
FONTE: CATOLICANET
POSTADO POR
Osmar Lucena Filho