terça-feira, 25 de maio de 2010

EPITÁFIO, EM LATIM, DE
DOM FREI DOMINGOS DA TRANSFIGURAÇÃO MACHADO, OSB
de autoria de Dom Gerardo van Caloen, OSB
D.O.C.
Hic jacet
venerandae
memoriae vir
D. Dominicus a
Transfiguratione
Machado abbas generalis congregationis
brasiliensis ordinis Sancti Benedicti
qui praeclarissimus naturalis ingenii
dotes eximiis religiones benedictinae
fulgoribus auxit, ac diuturno monasticae
vitae tirocinio integerrimo peracto, meritis
cumulatus et annis, ex miro Dei
providenciae nutu congregationem
sibi commissam, jam paene deficientem,
constanter sustinuit novisque
insertis germinibus efficaciter
ad pristinam vitae prosperitatem
reduxit ac demum quasi alter
Simeon, regenerationis pignora
laetus prospiciens, de tanti
operis jam maturescentibus
fructibus gaudens, aeternae
quieti placide cessit
Bahiae, calendis Julii
anno Domini MCMVIII
aetatis suae LXXXIV
professionis LXVI
sacerdotii LXI
R. I. P.
TRADUÇÃO:
D.O.M.
Aqui jaz
D. Domingos da Transfiguração Machado
homem de veneranda memória
Abade Geral da Congregação Brasileira da Ordem de S. Bento,
o qual sendo preclaríssimo aumentou os dotes do natural engenho
com os exímios fulgores da religião Beneditina,
e depois de persolvido de modo integérrimo
o diuturno tirocínio da vida monástica
cumulado de méritos e anos,
pelos admiráveis desígnios da divina Providência,
apoiou com firmeza a Congregação a si confiada
em fase de declínio
e a reconduziu com eficácia à primitiva prosperidade de vida,
depois de inserir nela novos rebentos,
e, finalmente, qual outro Simeão,
entrevendo alegremente o penhor da regeneração
no gáudio de ver os frutos maduros de tanta obra,
entrou placidamente no descanso eterno
na Bahia, 1º de julho
no ano do Senhor 1908,
no 84º ano de sua vida,
no 66º da profissão,
no 61º do sacerdócio
R.I.P.
POSTADO POR
OSMAR LUCENA FILHO

terça-feira, 4 de maio de 2010

ENTREVISTADO DO MÊS:
PROF. OSMAR LUCENA FILHO

Em 2008 concedi entrevista ao Araújo (Albenor Filho), que veio à luz num site mantido por ele e mais alguns colegas, aqui, em Piquet Carneiro.
Infelizmente, o site não teve vida longa!
Quanto à ENTREVISTA, reproduzo-a, agora, neste espaço de comunicação, dada a importância, nem tanto das respostas, mas das indagações que me foram então feitas, marcadas pelo tom da simplicidade e da espontaneidade, como convinha a um site mantido por gente jovem.
Ei-la:
ARAÚJO: A nossa série de entrevista, que pretendemos renovar mês a mês, inicia-se, agora, com o professor Osmar Filho. (Aqui, numa foto, de maio de 2009, em reportagem feita pela REDE CIDADE, afiliada da REDE RECORD, no Estado do Ceará).
PERFIL DO ENTREVISTADO

Osmar Lucena Filho é natural de Piquet Carneiro, tendo nascido em 16 de junho de 1967. Licenciou-se, em 19 de janeiro de 1996, em Letras, pela FECLI/UECE; é também pós-graduado, em nível de especialização, no Ensino da Língua Portuguesa, pela mesma Universidade Estadual do Ceará, desde 10 de outubro de 2008. Iniciou-se no magistério como substituto das professoras Ângela Oliveira e Francisca Gomes. Em 1986 foi convidado pela então diretora da Escola Castelo Branco, Paula de Cáscia, para integrar o Corpo Docente do supracitado estabelecimento. Foi professor na antiga CENEC, de 1988 a 1996. De 1989 a 1992, desempenhou o cargo de subsecretário da Educação. Entre 1993 e 1996, ocupou-se, como Diretor, do Departamento Municipal de Cultura. Bibliotecário, entre 1997 e 1998. Substituto da Secretária da Educação, Inês Alencar, entre 1999 e 2000. Ouvidor Geral do Município, a contar de 2001. Teve assento no Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, entre 2004 e 2007. É membro do Conselho Paroquial e professor da Escola Paroquial de Catequese, Pe. Antônio Freire. Desde 1997, leciona língua portuguesa, literatura brasileira e produção textual na Escola de Ensino Fundamental e Médio Mal. Humberto de Alencar Castelo Branco, agregada ao Estado.

Araújo: Em rápidas palavras, como você se auto-define?

Osmar Filho: Considero-me alguém em busca, sempre, de um processo a que chamamos conversão, mudança, metamorfose. Não deve ser diferente com as outras pessoas, uma vez que "mudar", "melhorar", "aperfeiçoar-se", são atitudes bem inerentes ao humano. Pequeno e limitado o homem o é. E, claro, estou, é evidente, inserido também nesse processo: pequenez e limitação. Gosto de cultivar novas amizades, de viajar, de ler, de me sentir útil, sobremodo, à comunidade na qual estou inserido, no caso, Piquet Carneiro. Mas deixa eu dizer para você que existe uma frase, atribuída a um filósofo francês, de nome Alberto Camus, com que concordo inteiramente. E que tem tudo a ver com essa história de auto-definição. Está, inclusive, no perfil do meu ORKUT. Diz assim: "Não ande atrás de mim; eu posso não guiar. Não ande na minha frente; eu posso não seguir. Somente ande do meu lado e seja meu amigo." É isso.. (risos).

Araújo: Fale-nos de sua família: seus pais, irmãos... enfim, uma nota sobre seus parentes mais próximos. O que eles representam para vc?

Osmar Filho: Olha, minha família representa tudo para mim, porque foi no seio dela que eu nasci, fui educado, me tornei gente, pessoa, cidadão. E Deus me quis aí. Por isso, não a troco por nenhuma, e não invejo a de ninguém. (risos) Dos meus pais, herdei a vocação para o magistério e o gosto, imenso, ilimitado, pela leitura, pela pesquisa histórica. Meus genitores foram, a seu tempo e modo, professores e secretários de instituições em nossa cidade. Meu pai, por exemplo, ocupou-se, entre 1964 e 1996, da Secretaria Geral da Prefeitura Municipal. Cabia-lhe, assim, preparar os ofícios, relatórios, cuidar das nomeações (no que tange, claro, à parte burocrática). E mais uma porção de coisas. Minha mãe, além de haver sido professora, de 1944 até 1963, sempre se manteve muito próxima da Igreja, da Paróquia. Seguramente, posso afirmar que isso, essa atividade, graças a Deus, permanece até hoje, quando ela já está com a veneranda idade de 78 anos. Se faço algo na igreja, isso é reflexo, com certeza, do muito que vivi e daquilo que eu aprendi com minha mãe. Muito igrejeira ela. (risos) Em relação a irmãos, somos seis. E, felizmente, conseguimos dar alguns passos significativos, na vida. Três se tornaram educadores, professores: além de mim, há o João Eudes e o Émerson. Mas estamos, como já falei, sempre em fase de processo de aperfeiçoamento, de ebulição, em busca do aprimoramento profissional. Agora, Araújo, perdoe-me a falta de modéstia (risos), mas "Lucena", a família, admita-se ou não (risos), já tem marcas indeléveis na história deste município... (risos)

Araújo: Por falar em município, você nunca quis se candidatar a cargos políticos?

Osmar Filho (risos): Araújo, não sei se felizmente, ou infelizmente, mas a resposta vem acompanhada de carga negativa: não!

Araújo: Mas pensa um dia em se candidatar? (risos)

Osmar Filho: (sério, pensativo, meditativo): Olhe... o futuro, já diz o provérbio, a Deus pertence. Embora, não devemos esperar só que Deus haja. A Providência nos quer agindo também, fazendo a parte que nos cabe. O Vandré afirma muito bem isso, nos versos fortes da canção: "Quem sabe, faz a hora; não espera acontecer!"... Então... não descarto a possibilidade de, um dia, quem sabe, inserir-se em Política; mas, por enquanto, não; prefiro olhar e julgar a ação dos que se dizem, e, de fato, o são, lideranças políticas, em nossa terra. Tenho muito que aprender nesse terreno. Veja você: o dr Alci, por exemplo, chegou, pela primeira vez, ao cargo de prefeito, aos 44 anos. Isso foi em 1989. Há quase 20 anos. E, segundo ele, foi já ali, em pleno exercício do cargo, que ele fez escola no campo da política; digo bem, da política partidária. Chegou sem muita experiência. Mas quis aprender. Teve a humildade de aprender. Buscou parcerias. E tornou-se, não há como o negar, um inovador nesse mesmo terreno de ação comunitária, que um papa, exatamente Pio XI, achou por bem batizar de "espaço maior onde se exerce a prática da caridade". Bela definição essa, não é, para Política? (risos)

Araújo: É verdade. Mas, nos fale, agora: como professor, como educador, como você analisa o atual momento da nossa educação?

Osmar Filho: Há uma queixa, generalizada, que saiu, por sinal, estampada, nos periódicos, isto é, nos jornais, como, a exemplo, o Diário do Nordeste, de que a Educação, sobretudo a Educação Básica, em nível, não só de município, mas de Estado, vai mal, muito mal. São dados estatísticos alarmantes! Creio, todavia, em que haja exageros. Agora, não há dúvida de que esta área, a da Educação, pelos desafios que ela impõe, requer constantes cuidados, reparos, ajustes na condução do barco. Afinal de contas, é ela a mola-mestra das grandes mudanças. Mas não basta só treinar o professor, melhorar-lhe o curriculum vitae; é necessário recompensar esse mesmo educador, com salários mais justos, mais condizentes com os desafios que ele enfrenta no dia-a-dia. Contudo, pelo visto, não será amanhã, que isso vai acontecer. (risos) Demanda tempo, estudos, porque mexe com orçamento. Um terreno delicado! Embora, é verdade, para os da classe política, (deputados, senadores etc), quando se trata de dar aumento para eles, isso se torne bem fácil, acessível, bastando, para tal, apertar um "botão", e lá se vão mais uns reais em seus proventos... (risos). Triste constatação, mas verdade pura. Por outro lado, Araújo, também percebo que houve, sim, mudanças substanciais na educação local: os professores estão habilitados, há uma crescente melhoria na parte da infra-estrutura: já temos escolas com laboratórios de informática, de biologia, como é o caso da nossa Castelo Branco; o próprio CVT , desde 1997, traz o seu contributo oferecendo cursos profissionalizantes; e, agora, por último, sinaliza-se até a ocorrência, já próxima, de um concurso vestibular... Está vendo? Então... não vamos tão mal assim! Há, por certo, avanços; há, por certo, desafios! Caminhamos, em termos de Educação, por entre luzes e sombras. Todavia, há, muito mais luz, que sombra! (risos). Uma palavra ainda sobre a questão educacional: é que, mesmo com todo esse aparato a que me referi, se a família não fizer a parte dela... nada feito! Ninguém, nada, instituição alguma vá pensando em substituir o papel (este, sim, primordial!) da família, no processo educativo, que não conseguirá! Penso, por isso mesmo, que a pergunta do momento é esta: A Família, como vai? E, esse "como vai", traz, no seu bojo, muita coisa. Engloba uma série de reflexão.

Araújo: Com certeza. Agora, Osmar, no campo do religioso, é muito visível seu trabalho, como um assessor do padre José Batista. Que tal essa experiência de trabalho na paróquia? Como você se sente ao realizar isso?

Osmar Filho: Araújo, sem sombra de dúvida, sinto-me convocado por Deus para esta missão. Aliás, todos somos chamados a colaborar. Ninguém deve ficar "de fora", "olhando pela janela", vendo a "vida passar". Temos que interagir. Por tal razão, sempre me fiz um colaborador próximo dos padres que aqui trabalharam. Aos 17 anos, em 1984, eu já auxiliava o Pe. Policarpo, que se tornou um grande amigo meu, da minha família, de muita gente aqui em Piquet. Trata-se de um sacerdote e monge beneditino que reside, hoje, no Mosteiro de São Bento, de Olinda, em Pernambuco. Ele me ajudou muito a crescer no nível, se assim posso afirmar, intelectual. Igualmente aprendi com as irmãs Tereza e Assunção; depois as Filhas do Coração de Maria: Francisca, Lourdes, Conceição, Dora... Depois do Policarpo, vieram os padres Graziano, Francisco Nobre, Paulo Cavalcante, Valberto Barreto, Pedro Aquino, José Leirton, Antônio Fernandes e, agora, nos últimos tempos, José Batista. Na verdade, é um trabalho que faço com eles; não faço por eles; mas por Jesus Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote, a quem devemos a salvação e o direito a ingressar na Vida Eterna. Na igreja, vou repetir, não se faça "pelos" padres, mas "com" os padres. Não se vá à missa, por causa do celebrante, o padre; mas pelo mistério ali celebrado: o sacrifício incruento do altar. O padre, não há dúvida, detém uma função divina, da qual, nem ele, é merecedor: ou seja, agir na pessoa do Cristo. Em latim se diz: IN PERSONA CHRISTI: Deus, na sua infinita misericórdia, concede, a alguns homens, quão alta função, a maior a que um mortal pode chegar: ser sacerdote. Para mim, foi, e tem sido válido, agir assim: colaborar com o padre nas atividades pastorais. Todos temos, repito, essa obrigação. Você, Araújo, por exemplo, ajuda na parte dos cânticos, ali com o teclado etc e tal. E isso é bom. É importante. Você está pondo a serviço da comunidade um dom que Deus lhe deu. A mim, também Ele me concedeu dons; na medida do possível, coloco esses dons à disposição da minha comunidade eclesial, que é a Paróquia. Cresci muito no seio da Igreja. Continuo crescendo. É um dos espaços que ocupo para transmitir idéias, mas, muito mais, para as receber. A ela, à Igreja, devo muito da minha formação humano-filosófica.
Araújo: Para finalizar: a gente sabe da existência de trabalhos seus voltados para a divulgação da nossa cultura. Poderia citar alguns? Há novos projetos nesse sentido?

Osmar Filho: Araújo, eu sempre fui um cultor da história local. Possuo hoje um acervo, talvez o maior, sobre a vida do nosso município. São inúmeras fotos, eventos registrados em VHS e/ou DVD, artigos de jornais, entrevistas com autoridades, mas também com a gente simples do povo, ou seja, os heróis anônimos, aqueles que não têm espaço na mídia, que não estão sob os holofotes da imprensa etc e tal... (risos) Minha intenção é, num futuro próximo, disponibilizar tudo isso à Comunidade local, de forma organizada; colocar esse acervo, sobretudo, ao alcance dos nossos estudantes, aos que têm gosto pela pesquisa histórico-documental. Lamento ser eles um número apoucado, pequeno. Seria uma espécie de MEMORIAL DO MUNICÍPIO. Algo assim. Quanto a meus trabalhos já publicados nesse campo, cito-os aqui: dois opúsculos sobre a História de Piquet Carneiro ( em 1991; reeditado em 1993); já em agosto de 1999, saiu o livro sobre os Jubileu de Ouro da nossa paróquia e os 70 anos do Apostolado da Oração; em 2004, com ilustrações de um ex-aluno, muito estudioso, o Danilo, saiu uma nova edição, também em formato de opúsculo, isto é, em forma de livreto, da História de Piquet Carneiro. Ainda em 2004 documentei os 75 anos do Apostolado da Oração, através de uma coletânea de atas, por mim selecionadas e, na medida do possível, comentadas. Para este 2008, se Deus quiser, está previsto o lançamento do meu mais recente trabalho versando sobre cultura, sobre a história local. Trata-se de um livro em que dou enfoque à vida de um cidadão, que entrou para a História local: Luiz Aires de Souza. Falo também acerca do nosso Piquet, município do qual ele, Luiz, foi co-fundador, e prefeito ao longo de três mandatos. De antemão, esclareço que, trabalho dessa natureza, jamais será completo. Espero que chegue ainda o momento de oferecermos à população local um livro ainda mais volumoso, ainda mais rico em detalhes sobre a nossa história. Eu espero ansioso por esta chance! E vai chegar esse momento, se Deus quiser. Por sinal, seria muito interessante uma atividade desse tipo realizada a quatro ou seis mãos...

Araújo:. A gente torce para que isso ocorra. Uma palavra sobre nosso site?

Osmar Filho: Sim, com prazer. Vocês estão de parabéns. Gostei da idéia. E tanto gostei que estou aqui oferecendo meu contributo, concedendo esta entrevista. (risos). Certamente ela não passará despercebida. (risos). Claro que deve ser melhorado, aperfeiçoado, lapidado. Mas, para começo, está bem. Sinto que há espaço nele para todos os gostos. Uma cultura multifacetada. Muito bom mesmo!

Araújo: Obrigado!

Osmar Filho: Eu é que agradeço pelo espaço a mim oferecido. Eis-me aqui pronto para colaborar com vocês. Obrigado!