segunda-feira, 28 de junho de 2010

HISTÓRIA DA IGREJA - PAPADO


PAPA PIO VIII - QUE GOVERNOU A IGREJA DE 1829 a 1830


PAPA BENTO XIII - DIRIGIU A IGREJA DE 1724 A 1730



PAPA CLEMENTE IX - REINOU DE 1667 a 1669

PAPA CLEMENTE XIII - PONTIFICOU DE 1758 a 1769

POSTAGEM:
OSMAR LUCENA FILHO


PAPA LEÃO XIII - QUE REINOU DE 1878 ATÉ 1903



ABAIXO: VELÓRIO DE LEÃO XIII (+ 20 DE JULHO DE 1903)



ABAIXO: LEÃO XIII EM ATITUDE DE ORAÇÃO


FONTE: WILKIPÉDIA
POSTAGEM: OSMAR FILHO


terça-feira, 25 de maio de 2010

EPITÁFIO, EM LATIM, DE
DOM FREI DOMINGOS DA TRANSFIGURAÇÃO MACHADO, OSB
de autoria de Dom Gerardo van Caloen, OSB
D.O.C.
Hic jacet
venerandae
memoriae vir
D. Dominicus a
Transfiguratione
Machado abbas generalis congregationis
brasiliensis ordinis Sancti Benedicti
qui praeclarissimus naturalis ingenii
dotes eximiis religiones benedictinae
fulgoribus auxit, ac diuturno monasticae
vitae tirocinio integerrimo peracto, meritis
cumulatus et annis, ex miro Dei
providenciae nutu congregationem
sibi commissam, jam paene deficientem,
constanter sustinuit novisque
insertis germinibus efficaciter
ad pristinam vitae prosperitatem
reduxit ac demum quasi alter
Simeon, regenerationis pignora
laetus prospiciens, de tanti
operis jam maturescentibus
fructibus gaudens, aeternae
quieti placide cessit
Bahiae, calendis Julii
anno Domini MCMVIII
aetatis suae LXXXIV
professionis LXVI
sacerdotii LXI
R. I. P.
TRADUÇÃO:
D.O.M.
Aqui jaz
D. Domingos da Transfiguração Machado
homem de veneranda memória
Abade Geral da Congregação Brasileira da Ordem de S. Bento,
o qual sendo preclaríssimo aumentou os dotes do natural engenho
com os exímios fulgores da religião Beneditina,
e depois de persolvido de modo integérrimo
o diuturno tirocínio da vida monástica
cumulado de méritos e anos,
pelos admiráveis desígnios da divina Providência,
apoiou com firmeza a Congregação a si confiada
em fase de declínio
e a reconduziu com eficácia à primitiva prosperidade de vida,
depois de inserir nela novos rebentos,
e, finalmente, qual outro Simeão,
entrevendo alegremente o penhor da regeneração
no gáudio de ver os frutos maduros de tanta obra,
entrou placidamente no descanso eterno
na Bahia, 1º de julho
no ano do Senhor 1908,
no 84º ano de sua vida,
no 66º da profissão,
no 61º do sacerdócio
R.I.P.
POSTADO POR
OSMAR LUCENA FILHO

terça-feira, 4 de maio de 2010

ENTREVISTADO DO MÊS:
PROF. OSMAR LUCENA FILHO

Em 2008 concedi entrevista ao Araújo (Albenor Filho), que veio à luz num site mantido por ele e mais alguns colegas, aqui, em Piquet Carneiro.
Infelizmente, o site não teve vida longa!
Quanto à ENTREVISTA, reproduzo-a, agora, neste espaço de comunicação, dada a importância, nem tanto das respostas, mas das indagações que me foram então feitas, marcadas pelo tom da simplicidade e da espontaneidade, como convinha a um site mantido por gente jovem.
Ei-la:
ARAÚJO: A nossa série de entrevista, que pretendemos renovar mês a mês, inicia-se, agora, com o professor Osmar Filho. (Aqui, numa foto, de maio de 2009, em reportagem feita pela REDE CIDADE, afiliada da REDE RECORD, no Estado do Ceará).
PERFIL DO ENTREVISTADO

Osmar Lucena Filho é natural de Piquet Carneiro, tendo nascido em 16 de junho de 1967. Licenciou-se, em 19 de janeiro de 1996, em Letras, pela FECLI/UECE; é também pós-graduado, em nível de especialização, no Ensino da Língua Portuguesa, pela mesma Universidade Estadual do Ceará, desde 10 de outubro de 2008. Iniciou-se no magistério como substituto das professoras Ângela Oliveira e Francisca Gomes. Em 1986 foi convidado pela então diretora da Escola Castelo Branco, Paula de Cáscia, para integrar o Corpo Docente do supracitado estabelecimento. Foi professor na antiga CENEC, de 1988 a 1996. De 1989 a 1992, desempenhou o cargo de subsecretário da Educação. Entre 1993 e 1996, ocupou-se, como Diretor, do Departamento Municipal de Cultura. Bibliotecário, entre 1997 e 1998. Substituto da Secretária da Educação, Inês Alencar, entre 1999 e 2000. Ouvidor Geral do Município, a contar de 2001. Teve assento no Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, entre 2004 e 2007. É membro do Conselho Paroquial e professor da Escola Paroquial de Catequese, Pe. Antônio Freire. Desde 1997, leciona língua portuguesa, literatura brasileira e produção textual na Escola de Ensino Fundamental e Médio Mal. Humberto de Alencar Castelo Branco, agregada ao Estado.

Araújo: Em rápidas palavras, como você se auto-define?

Osmar Filho: Considero-me alguém em busca, sempre, de um processo a que chamamos conversão, mudança, metamorfose. Não deve ser diferente com as outras pessoas, uma vez que "mudar", "melhorar", "aperfeiçoar-se", são atitudes bem inerentes ao humano. Pequeno e limitado o homem o é. E, claro, estou, é evidente, inserido também nesse processo: pequenez e limitação. Gosto de cultivar novas amizades, de viajar, de ler, de me sentir útil, sobremodo, à comunidade na qual estou inserido, no caso, Piquet Carneiro. Mas deixa eu dizer para você que existe uma frase, atribuída a um filósofo francês, de nome Alberto Camus, com que concordo inteiramente. E que tem tudo a ver com essa história de auto-definição. Está, inclusive, no perfil do meu ORKUT. Diz assim: "Não ande atrás de mim; eu posso não guiar. Não ande na minha frente; eu posso não seguir. Somente ande do meu lado e seja meu amigo." É isso.. (risos).

Araújo: Fale-nos de sua família: seus pais, irmãos... enfim, uma nota sobre seus parentes mais próximos. O que eles representam para vc?

Osmar Filho: Olha, minha família representa tudo para mim, porque foi no seio dela que eu nasci, fui educado, me tornei gente, pessoa, cidadão. E Deus me quis aí. Por isso, não a troco por nenhuma, e não invejo a de ninguém. (risos) Dos meus pais, herdei a vocação para o magistério e o gosto, imenso, ilimitado, pela leitura, pela pesquisa histórica. Meus genitores foram, a seu tempo e modo, professores e secretários de instituições em nossa cidade. Meu pai, por exemplo, ocupou-se, entre 1964 e 1996, da Secretaria Geral da Prefeitura Municipal. Cabia-lhe, assim, preparar os ofícios, relatórios, cuidar das nomeações (no que tange, claro, à parte burocrática). E mais uma porção de coisas. Minha mãe, além de haver sido professora, de 1944 até 1963, sempre se manteve muito próxima da Igreja, da Paróquia. Seguramente, posso afirmar que isso, essa atividade, graças a Deus, permanece até hoje, quando ela já está com a veneranda idade de 78 anos. Se faço algo na igreja, isso é reflexo, com certeza, do muito que vivi e daquilo que eu aprendi com minha mãe. Muito igrejeira ela. (risos) Em relação a irmãos, somos seis. E, felizmente, conseguimos dar alguns passos significativos, na vida. Três se tornaram educadores, professores: além de mim, há o João Eudes e o Émerson. Mas estamos, como já falei, sempre em fase de processo de aperfeiçoamento, de ebulição, em busca do aprimoramento profissional. Agora, Araújo, perdoe-me a falta de modéstia (risos), mas "Lucena", a família, admita-se ou não (risos), já tem marcas indeléveis na história deste município... (risos)

Araújo: Por falar em município, você nunca quis se candidatar a cargos políticos?

Osmar Filho (risos): Araújo, não sei se felizmente, ou infelizmente, mas a resposta vem acompanhada de carga negativa: não!

Araújo: Mas pensa um dia em se candidatar? (risos)

Osmar Filho: (sério, pensativo, meditativo): Olhe... o futuro, já diz o provérbio, a Deus pertence. Embora, não devemos esperar só que Deus haja. A Providência nos quer agindo também, fazendo a parte que nos cabe. O Vandré afirma muito bem isso, nos versos fortes da canção: "Quem sabe, faz a hora; não espera acontecer!"... Então... não descarto a possibilidade de, um dia, quem sabe, inserir-se em Política; mas, por enquanto, não; prefiro olhar e julgar a ação dos que se dizem, e, de fato, o são, lideranças políticas, em nossa terra. Tenho muito que aprender nesse terreno. Veja você: o dr Alci, por exemplo, chegou, pela primeira vez, ao cargo de prefeito, aos 44 anos. Isso foi em 1989. Há quase 20 anos. E, segundo ele, foi já ali, em pleno exercício do cargo, que ele fez escola no campo da política; digo bem, da política partidária. Chegou sem muita experiência. Mas quis aprender. Teve a humildade de aprender. Buscou parcerias. E tornou-se, não há como o negar, um inovador nesse mesmo terreno de ação comunitária, que um papa, exatamente Pio XI, achou por bem batizar de "espaço maior onde se exerce a prática da caridade". Bela definição essa, não é, para Política? (risos)

Araújo: É verdade. Mas, nos fale, agora: como professor, como educador, como você analisa o atual momento da nossa educação?

Osmar Filho: Há uma queixa, generalizada, que saiu, por sinal, estampada, nos periódicos, isto é, nos jornais, como, a exemplo, o Diário do Nordeste, de que a Educação, sobretudo a Educação Básica, em nível, não só de município, mas de Estado, vai mal, muito mal. São dados estatísticos alarmantes! Creio, todavia, em que haja exageros. Agora, não há dúvida de que esta área, a da Educação, pelos desafios que ela impõe, requer constantes cuidados, reparos, ajustes na condução do barco. Afinal de contas, é ela a mola-mestra das grandes mudanças. Mas não basta só treinar o professor, melhorar-lhe o curriculum vitae; é necessário recompensar esse mesmo educador, com salários mais justos, mais condizentes com os desafios que ele enfrenta no dia-a-dia. Contudo, pelo visto, não será amanhã, que isso vai acontecer. (risos) Demanda tempo, estudos, porque mexe com orçamento. Um terreno delicado! Embora, é verdade, para os da classe política, (deputados, senadores etc), quando se trata de dar aumento para eles, isso se torne bem fácil, acessível, bastando, para tal, apertar um "botão", e lá se vão mais uns reais em seus proventos... (risos). Triste constatação, mas verdade pura. Por outro lado, Araújo, também percebo que houve, sim, mudanças substanciais na educação local: os professores estão habilitados, há uma crescente melhoria na parte da infra-estrutura: já temos escolas com laboratórios de informática, de biologia, como é o caso da nossa Castelo Branco; o próprio CVT , desde 1997, traz o seu contributo oferecendo cursos profissionalizantes; e, agora, por último, sinaliza-se até a ocorrência, já próxima, de um concurso vestibular... Está vendo? Então... não vamos tão mal assim! Há, por certo, avanços; há, por certo, desafios! Caminhamos, em termos de Educação, por entre luzes e sombras. Todavia, há, muito mais luz, que sombra! (risos). Uma palavra ainda sobre a questão educacional: é que, mesmo com todo esse aparato a que me referi, se a família não fizer a parte dela... nada feito! Ninguém, nada, instituição alguma vá pensando em substituir o papel (este, sim, primordial!) da família, no processo educativo, que não conseguirá! Penso, por isso mesmo, que a pergunta do momento é esta: A Família, como vai? E, esse "como vai", traz, no seu bojo, muita coisa. Engloba uma série de reflexão.

Araújo: Com certeza. Agora, Osmar, no campo do religioso, é muito visível seu trabalho, como um assessor do padre José Batista. Que tal essa experiência de trabalho na paróquia? Como você se sente ao realizar isso?

Osmar Filho: Araújo, sem sombra de dúvida, sinto-me convocado por Deus para esta missão. Aliás, todos somos chamados a colaborar. Ninguém deve ficar "de fora", "olhando pela janela", vendo a "vida passar". Temos que interagir. Por tal razão, sempre me fiz um colaborador próximo dos padres que aqui trabalharam. Aos 17 anos, em 1984, eu já auxiliava o Pe. Policarpo, que se tornou um grande amigo meu, da minha família, de muita gente aqui em Piquet. Trata-se de um sacerdote e monge beneditino que reside, hoje, no Mosteiro de São Bento, de Olinda, em Pernambuco. Ele me ajudou muito a crescer no nível, se assim posso afirmar, intelectual. Igualmente aprendi com as irmãs Tereza e Assunção; depois as Filhas do Coração de Maria: Francisca, Lourdes, Conceição, Dora... Depois do Policarpo, vieram os padres Graziano, Francisco Nobre, Paulo Cavalcante, Valberto Barreto, Pedro Aquino, José Leirton, Antônio Fernandes e, agora, nos últimos tempos, José Batista. Na verdade, é um trabalho que faço com eles; não faço por eles; mas por Jesus Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote, a quem devemos a salvação e o direito a ingressar na Vida Eterna. Na igreja, vou repetir, não se faça "pelos" padres, mas "com" os padres. Não se vá à missa, por causa do celebrante, o padre; mas pelo mistério ali celebrado: o sacrifício incruento do altar. O padre, não há dúvida, detém uma função divina, da qual, nem ele, é merecedor: ou seja, agir na pessoa do Cristo. Em latim se diz: IN PERSONA CHRISTI: Deus, na sua infinita misericórdia, concede, a alguns homens, quão alta função, a maior a que um mortal pode chegar: ser sacerdote. Para mim, foi, e tem sido válido, agir assim: colaborar com o padre nas atividades pastorais. Todos temos, repito, essa obrigação. Você, Araújo, por exemplo, ajuda na parte dos cânticos, ali com o teclado etc e tal. E isso é bom. É importante. Você está pondo a serviço da comunidade um dom que Deus lhe deu. A mim, também Ele me concedeu dons; na medida do possível, coloco esses dons à disposição da minha comunidade eclesial, que é a Paróquia. Cresci muito no seio da Igreja. Continuo crescendo. É um dos espaços que ocupo para transmitir idéias, mas, muito mais, para as receber. A ela, à Igreja, devo muito da minha formação humano-filosófica.
Araújo: Para finalizar: a gente sabe da existência de trabalhos seus voltados para a divulgação da nossa cultura. Poderia citar alguns? Há novos projetos nesse sentido?

Osmar Filho: Araújo, eu sempre fui um cultor da história local. Possuo hoje um acervo, talvez o maior, sobre a vida do nosso município. São inúmeras fotos, eventos registrados em VHS e/ou DVD, artigos de jornais, entrevistas com autoridades, mas também com a gente simples do povo, ou seja, os heróis anônimos, aqueles que não têm espaço na mídia, que não estão sob os holofotes da imprensa etc e tal... (risos) Minha intenção é, num futuro próximo, disponibilizar tudo isso à Comunidade local, de forma organizada; colocar esse acervo, sobretudo, ao alcance dos nossos estudantes, aos que têm gosto pela pesquisa histórico-documental. Lamento ser eles um número apoucado, pequeno. Seria uma espécie de MEMORIAL DO MUNICÍPIO. Algo assim. Quanto a meus trabalhos já publicados nesse campo, cito-os aqui: dois opúsculos sobre a História de Piquet Carneiro ( em 1991; reeditado em 1993); já em agosto de 1999, saiu o livro sobre os Jubileu de Ouro da nossa paróquia e os 70 anos do Apostolado da Oração; em 2004, com ilustrações de um ex-aluno, muito estudioso, o Danilo, saiu uma nova edição, também em formato de opúsculo, isto é, em forma de livreto, da História de Piquet Carneiro. Ainda em 2004 documentei os 75 anos do Apostolado da Oração, através de uma coletânea de atas, por mim selecionadas e, na medida do possível, comentadas. Para este 2008, se Deus quiser, está previsto o lançamento do meu mais recente trabalho versando sobre cultura, sobre a história local. Trata-se de um livro em que dou enfoque à vida de um cidadão, que entrou para a História local: Luiz Aires de Souza. Falo também acerca do nosso Piquet, município do qual ele, Luiz, foi co-fundador, e prefeito ao longo de três mandatos. De antemão, esclareço que, trabalho dessa natureza, jamais será completo. Espero que chegue ainda o momento de oferecermos à população local um livro ainda mais volumoso, ainda mais rico em detalhes sobre a nossa história. Eu espero ansioso por esta chance! E vai chegar esse momento, se Deus quiser. Por sinal, seria muito interessante uma atividade desse tipo realizada a quatro ou seis mãos...

Araújo:. A gente torce para que isso ocorra. Uma palavra sobre nosso site?

Osmar Filho: Sim, com prazer. Vocês estão de parabéns. Gostei da idéia. E tanto gostei que estou aqui oferecendo meu contributo, concedendo esta entrevista. (risos). Certamente ela não passará despercebida. (risos). Claro que deve ser melhorado, aperfeiçoado, lapidado. Mas, para começo, está bem. Sinto que há espaço nele para todos os gostos. Uma cultura multifacetada. Muito bom mesmo!

Araújo: Obrigado!

Osmar Filho: Eu é que agradeço pelo espaço a mim oferecido. Eis-me aqui pronto para colaborar com vocês. Obrigado!

sábado, 17 de abril de 2010

BENTO XVI: 5º ANO DE REINADO

HÁ CINCO ANOS, NO DIA 19 DE ABRIL DE 2005, O CARDEAL ALEMÃO JOSEPH RATZINGER ERA ELEITO O 265º PAPA DA HISTÓRIA DA IGREJA, SUCEDENDO, POR EXTENSÃO DOS FATOS, A JOÃO PAULO II.
RATZINGER RESOLVEU ADOTAR, COMO PONTÍFICE, O NOME DE BENTO XVI (EM LATIM: BENEDICTUS!).


PARA ASSINALAR A PASSAGEM DO 5º ANO DA ELEVAÇÃO DO CARDEAL RATZINGER AO SUMO PONTIFICADO, SEGUE ESTE TEXTO, DE AUTORIA DO PROF. OSMAR LUCENA FILHO:


“TU SABES QUE TE AMO!

Ainda ressoam bem vivas, na mente de muitos católicos, as palavras com que Sua Eminência o Cardeal Jorge Arthur Medina Estevez, de origem espanhola, então protodiácono do Sacro Colégio Cardinalício, ao cair da tarde de 19 de abril de 2005, ao assomar à sacada central da Basílica de São Pedro, anunciou, "Urbi et Orbi", isto é, à cidade de Roma e ao mundo inteiro, há 5 anos, a eleição do 265º Papa da História da Igreja Católica.

Conforme antigo costume, que remonta à época anterior ao reinado de Inocêncio VIII, papa de 1484-1492, esta solene comunicação aconteceu na língua oficial da Igreja, ou seja, em Latim, exatamente nestes termos: "Annuntio vobis gaudium magnum; habemus Papam: Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Josephum Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem Ratzinger qui sibi nomen imposuit Benedictum XVI". Traduz-se: “Anuncio-vos uma grande alegria: temos Papa! O mais eminente e o mais reverente Senhor... Joseph, Cardeal da Santa Igreja Romana, Ratzinger, que atribuiu a si mesmo o nome de Bento XVI.”

Naquele fim de tarde, não mais às margens do Mar de Tiberíades, mas num ambiente majestoso, como a Capela Sistina (construída no século XV, pelo Papa Sisto IV), então se renovava, entre Jesus e o Cardeal Joseph Ratzinger, o eleito, o diálogo que o Divino Mestre travara com Simão Pedro, por volta do ano 33: “SIMÃO, FILHO DE JOÃO, TU ME AMAS MAIS DO QUE ESTES?” Questionamento grave, aquele que o Messias fazia ao Pescador da Galileia, exigindo-lhe uma resposta pronta e sem reservas. Pedro não titubeou, e respondeu: “SIM, SENHOR, TU SABES TUDO, TU BEM SABES QUE TE AMO!”.

Ratzinger fez o mesmo! Como, só para citar os papas dos últimos tempos, assim o fizera Karol Józef Wojtyla (João Paulo II) em 16.10.1978; Albino Luciani (João Paulo I) em 26.08.1978; Giovanni Battista Montini (Paulo VI) em 21.06.1963; Angelo Giuseppe Roncalli (João XXIII) em 28.10.1958; Eugenio Maria Giuseppe Pacelli (Pio XII) em 2.03.1939; Ambrogio Damiano Achille Ratti (Pio XI) em 6.02.1922; Giacomo della Chiesa (Bento XV) em 3.09.1914; e Giuseppe Melchiorre Sarto (Pio X) em 4.08.1903.

A partir de então, o timão da Barca de São Pedro passara aos cuidados pastorais do cardeal alemão, que havia sido um grande colaborador e amigo próximo do papa recém morto, João Paulo II.

265 papas! É a marcha da Igreja: invencível e perpétua, pois seu projeto é divino. O próprio Cristo a Pedro, o primeiro pontífice, já assegurara: "Tu és PEDRO, e sobre esta PEDRA constituirei a MINHA IGREJA". E, para a tranquilidade do Apóstolo, acrescentoU: "E as potências do inferno não terão poder sobre ela".

A História, de fato, no-lo atesta: impérios ruíram, formas e sistema de governos se foram, dinastias se diluíram; o "papado", contudo, permanece de pé, firme e inabalável, mesmo quando a nau de Pedro está a singrar por mares agitados, açoitada, de forma inclemente, pelas procelas dos tempos modernos. Todos os homens que foram elevados ao ofício do supremo apostolado (o papado) souberam preservar e, assim, manter intacto, o "depositum fidei" (depósito da Fé), herança recebida dos Apostólos.

Agora, para alegria da catolicidade, quem está sentado no "Trono" mais excelso do planeta, é o Papa Bento XVI: o "sacerdos magnum", o teólogo renomado, o eminente e culto professor, o escritor poliglota, mas, como ele mesmo afirmou na primeira saudação, que fez, ao mundo, quem, de fato, ocupa a Cátedra de Pedro é “um simples e humilde trabalhador da Vinha de Nosso Senhor”.

Na pluralidade de idiomas, de que ele é conhecedor, sobressai uma só mensagem, mas a principal, que, de resto, é a missão de todo papa, e de todos os cristãos: anunciar que “DEUS CARITAS EST”.


(Osmar Lucena Filho - Piquet Carneiro-CE)

quinta-feira, 15 de abril de 2010


DOM ALBERTO GAUDÊNCIO RAMOS
* 30 de março de 1915
+ 26 de novembro de 1991

Na série que resolvi intitular "CLÉRIGOS QUE HONRARAM, COM O TESTEMUNHO DE SUA VIDA, A SANTA IGREJA", dou enfoque, neste artigo, à figura eminente, e já saudosa, de Dom Alberto Gaudêncio Ramos (1915-1991), 7º arcebispo metropolitano de Belém do Pará, a quem tive o merito de conhecer, em visita que lhe fiz, no velho Palácio Episcopal de Belém, acompanhado do Pe. Francisco Nobre, então Vigário de Santa Maria do Pará-BE, em janeiro de 1991, e do qual ganhei - por ele autografado, pois de sua autoria! - precioso livro sobre a Igreja na Amazônia, intitulado "Cronologia Eclesiástica do Pará".

Diz, de Dom Alberto Ramos, a Wikipédia - a Enciclopédia Livre:

"Homem erudito, grande orador sacro, foi membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e do Conselho de Cultura do Pará.

Participou do Concílio Ecumênico Vaticano II. Registrou fatos e crônicas do Concílio em um jornal-mural denominado "O Conciliábulo". Aplicou as normas do Concílio na Arquidiocese de Belém e realizou inúmeras atividades pastorais de relevo."

O texto que segue, retirado do Informativo Pastoral da Arquidiocese de Belém do Pará, em sua edição de nº 10, emitida em outubro de 1989, é de autoria do próprio Dom Alberto Gaudêncio Ramos, no qual o douto e piedoso arcebispo belemense discorre acerca de seu Jubileu Áureo de Ordenação Sacerdotal.

Um belo e inspirado artigo, que, de fato, vale a pena, conferir!

(Osmar Lucena Filho)

ARTIGO DE DOM ALBERTO GAUDÊNCIO RAMOS


5O ANOS DE BÊNÇÃOS

Já diversas vezes me perguntaram se eu nunca tinha me arrependido de abraçar a vida sacerdotal. Mesmo que eu tivesse permanecido sem nenhuma honraria eclesiástica e sem o peso da responsabilidade episcopal, posso proclamar "tuta conscientia", como o saudoso dom Mário Villas-Boas, que tudo se resumiria em meu ideal "Ser padre, e nada mais do que padre".

No primeiro minuto do ano de 1939, eu havia regressado da hora santa na Catedral, e estava recolhido a um quarto do velho Seminário, quando começaram a soar os primeiros bronzes da zero hora, pulei da rede, ajoelhei-me e dei largas à minha alegria por haver assim penetrado no ano de minha ordenação sacerdotal. Tenho ainda a ingenuidade de revelar que, por várias vezes, sonhei com Jesus a chamar-me para o sacerdócio, enquanto eu retrucava: "... mas ainda não conclui o curso de Teologia".

Ser instrumento da graça divina, levar o bálsamo espiritual a muitas almas, é na verdade profundamente consolador!

Numa de minhas primeiras missas em latim e com muito ritualismo, fui assistido pelo cônego Américo Leal, cura da Sé. Depois ele comentou com o padre Faustino Brito: "Alberto celebra com tanta segurança que já parece um padre velho".

Sempre me preocupara muito com a Liturgia, mas evidentemente ao invés de "segurança" seria preferível que o meu amigo tivesse dito "piedade".

Hoje, ao completar 23.423 missas já celebradas, bem ou mal, apressadas ou refletidamente, piedosa ou um tanto distraidamente, tenho a consciência de que jamais profanei o Santo Altar, jamais deixei de fazer o que Jesus queria que eu fizesse".

Dos poucos jovens que procuraram o sacerdócio, durante o tempo em que o Seminário de Belém permaneceu fechado (1925 a 1933) fui eu o único a atingir a meta final. A reabertura do estabelecimento fundado pelo padre Gabriel Malagrida, foi certamente o maior gesto de dom Antônio de Almeida Lustosa, pois possibilitou que nove anos depois o Clero voltasse a receber novos elementos, cheios de entusiasmo, como Edmundo Igreja, Milton Pereira, Hélio Alves, Osmar do Rosário Alves, Ápio Campos, Nelson Brandão Soares, etc.

Graças, muitas graças, por conseguinte, sejam dadas ao Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, Nosso Senhor!.

+ Alberto Ramos
Arcebispo de Belém



TEXTO POSTADO POR
Osmar Lucena Filho

segunda-feira, 8 de março de 2010

CLÉRIGOS QUE HONRARAM, PELO TESTEMUNHO DE SUAS VIDAS, A SANTA IGREJA - 1


DOM ANTÔNIO DE ALMEIDA LUSTOSA
(* São João del-Rey-MG, 1886 + Carpina-PE, 1974)
2º Arcebispo Metropolitano de Fortaleza-CE
Governo episcopal: 1941 até 1963
Dom Lustosa foi transferido, em 19 de julho de 1941, de Belém do Pará, para Fortaleza, por determinação do Papa Pio XII.
Tomada de posse na Arquidiocese de Fortaleza: 5 de novembro de 1941.
Renunciou a sobredita função em 19 de fevereiro de 1963, recolhendo-se ao convento dos Salesianos, em Carpina-PE, onde a morte o colheu no dia 14 de agosto de 1974.
Dom Antônio Lustosa foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana de Fortaleza, ao lado de Dom Manuel da Silva Gomes, seu predecessor no Governo pastoral desta.
Uma grande lousa, com inscrições em latim, assinala sua sepultura.
Eis o texto:
HIC ASSERVANTVR
BEATAM DIEM RESSVRRECTIONIS SPECTANTIA
CINERES ET OSSA DOMINI
ANTONII DE ALMEIDA LUSTOSA
PIIS VELATA FLETIBVS
PRECIBVS ET ANIMO GRATO
FORTALEXIENSIS ARCHIDIOECESIS
QVAM TANTVS HOMO DEI
VIRTVTE CLARVS ET OPERIBVS
AD ANNOS DVOS ET VIGINTI
PRVDENS AC SAPIENTER REXIT
APVD CIVITATEM SÃO JOÃO DEL-REI (MINAS GERAIS)
IN LVCEM VENIT XI II MDCCCLXXXVI
CARPINAE (PERNAMBUCO) XIV VIII MCMLXXIV
SENIO AC MORBO LENTE CONSVMPTVS
AD PATREM REVERSVS COELITIBVS SOCIATVS
OMNE VIVET PER DEVVM
MAGNALIA LAVDANDO TRINITATIS
IPSIVS CORPORI SOLEMNITER SEPELIENDO
METROPOLITA EPISCOPI PRESBYTERI
PRIMORES CIVITATIS
ET MAGNA NIMIS POPVLI MVLTITVDO
COMMOTI ADFVERE
TEXTO, PESQUISA E POSTAGEM:
OSMAR LUCENA FILHO

quarta-feira, 3 de março de 2010


DOM BEDA PEREIRA DE HOLANDA, OSB
104º Abade do Mosteiro de São Bento de Olinda
Abaciado: 1995 a 2002
Nasceu em 8 de agosto de 1938
Emitiu os votos monásticos em 8 de dezembro de 1964
Ordenado padre em 24 de outubro de 1969
Eleito abade em 19 de março de 1995
Bênção Abacial: 25 de março de 1995
Resignou em 2002
(Cf. Dados colhidos no Diretório Litúrgico da Congregação Beneditina do Brasil, edição de 2009)
Observação: O texto a seguir, sobre Dom Beda Pereira de Holanda, OSB, é da lavra do ilustre escritor Edson Nery da Fonseca, oblato beneditino e professor emérito da Universidade de Brasília, tendo vindo à luz no Jornal do Comércio, de Recife-PE, em data 3 de abril de 1995.
"MAIS AMADO QUE TEMIDO"
"Dom Beda Pereira de Holanda é o centésimo quarto abade de Olinda"
"O sertanejo teme a seca na mesma medida em que ama a chuva propiciadora da colheita do milho plantado no dia de São José. Eu estava pensando nisso depois da missa conventual do dia 19 de março. Fui conversar no claustro do mosteiro, enquanto os monges capitulares se reuniam mais uma vez para eleger o novo abade.
Logo depois ouvi uma salva de palmas no Capítulo: sinal de que tínhamos abade. Os postulantes, noviços e professos simples foram chamados para conhecer o resultado da eleição e eu voltei à igreja abacial para o Te Deum que, como de costume, entoa-se logo após a eleição de uma abade.
O Te Deum é o grande hino do universo, atribuido por alguns a santo Ambrósio e por outros a Santo Agostinho. (...)
Dom Beda Pereira de Holanda é o centésimo quarto abade de Olinda, numa sucessão que data de 22 de agosto de 1596, quando se iniciou o abaciado de Frei Mâncio da Cruz. Ele escolheu como lema de seu brasão abacial uma das frases mais belas da Regra de São Bento: aquela em que o santo patriarca determina aos abades que sejam mais amados que temidos.
Comentando este versículo 15 do capítulo 64 da Regra, lembra o erudito beneditino García Colombás que, embora a predominância do amor sobre o temor tenha sido prescrita na Regra de Santo Agostinho, sua origem remonta a autores como Cícero, Sêneca, Tácito, Homero e Xenofonte. Assim, a mensagem beneditina plus amari quam timeri tem raízes tanto na sabedoria do deserto como na cristã e na clássica. Eis o retrato fiel do novo abade: deseja ser mais amado que temido. Retrato psicológico. Radiografia de uma alma.
Batizado com o nome de Antônio, ele foi recebido no mosteiro pelo antigo abade Basílio Penido, que lhe deu o nome monástico de Beda, o venerável santo beneditino do século VIII, muito caro a seus patrícios ingleses, por haver escrito a monumental história eclesiástica da nação. Canonizado por Leão XIII em 1899, a ele devemos a abreviatura AD (Anno Domini) para datar a história da humanidade a partir do nascimento de Cristo.
O novo abade é natural de Ouricuri, e logo me lembro de Ascenso Ferreira entoando seu poema: ´Sertão! - Jatobá! - Sertão! - Cabrobró! - Cabrobró! / Ouricuri! / Exu! / Exu! / Lá vem o vaqueiro, pelos atalhos, /tangendo as reses para os currais... / Blém... blém... blém... cantam os chocalhos / dos tristes bodes patriarcais´.
Nós da Zona da Mata nos acostumamos com a literatura do massapê: a poesia de Manuel Bandeira e João Cabral, o romance de José Américo e José Lins do Rego, o ensaio de Joaquim Nabuco e Gilberto Freire. É preciso, entretanto, não esquecer o Sertão imortalizado pela música poética de Luiz Gonzaga e pela arte armorial de Ariano Suassuna.
É deste sertão da Asa branca e da Pedra do reino que vem o novo abade beneditino de Olinda. Vem para ser mais amado que temido. Amado como a chuva propiciadora da colheita do milho plantando no dia de São José."
POSTADO POR
Osmar Lucena Filho

terça-feira, 2 de março de 2010


BENEDITINOS DE OLINDA
FOTO DA COMUNIDADE MONÁSTICA REUNIDA NA CAPELA ABACIAL EM 2005
O SEGUNDO MONGE, SENTADO, DA ESQUERDA PARA A DIREITA, É DOM BERNARDO ALVES DA SILVA, OSB, QUE FOI 105º ABADE DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DE OLINDA, ENTRE 2002 E 2006.
SEGUE-SE-LHE: DOM MARCELO PINTO CARVALHEIRA (ARCEBISPO EMÉRITO DE JOÃO PESSOA) E DOM GERARDO WANDERLEY, OSB, ENTÃO PRIOR DA ABADIA DE OLINDA.
EM PÉ, DA ESQUERDA PARA A DIREITA, O SEXTO MONGE É DOM POLICARPO RIBEIRO DE MENEZES, OSB.

segunda-feira, 1 de março de 2010

DOM BASÍLIO PENIDO, OSB
(* 1914 + 2003)
102º ABADE DO MOSTEIRO DE OLINDA
ABACIADO: 1962 até 1987
BIOGRAFIA DE UM GRANDE ABADE
"Desde adolescente, o carioca José Maria Penido Filho (futuro dom Basílio), de Copacabana, pensava em ser padre. O coral dos jesuítas, de que fazia parte quando era aluno do Colégio Santo Inácio, lhe despertou o desejo de seguir as pegadas dos mestres. Estava decidido a ser jesuíta. Pouco depois que terminou o ginásio, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo (RJ), mas o pai, almirante José Maria Penido, mesmo não se opondo à vocação do Juca (apelido do jovem), fez-lhe ponderar que seria bom passar antes por um curso superior. Juca deixou o noviciado e formou-se em medicina, na Praia Vermelha, onde funcionava a maioria das faculdades da então Universidade do Brasil.Companheiro de primeiras letras de Vinícius de Moraes, Juca achou que sua vocação não seria a de médico. Tampouco, a de simples poeta. Enquanto freqüentava a faculdade começou a participar das reuniões de um grupo de jovens da Ação Universitária Católica (AUC), que tinha surgido por obra e graça do professor Alceu Amoroso Lima, recém-convertido ao catolicismo. O grupo reunia-se no Centro Dom Vital (fundado em 1932) e, pouco depois, Juca conheceu o monge beneditino dom Martinho Michler, que pregou um retiro memorável para os rapazes da AUC.Em 1933, Juca resolve também ser monge, mas sem pressa. Seguiria a trilha dos Penido, que tantos e tão ilustres sacerdotes deu à Igreja: o jesuíta João Bosco Penido Burnier, morto a tiros em 1976; o surdo-mudo padre Vicente Penido Burnier; o dominicano e exegeta bíblico frei Martinho Penido Burnier; e o padre Maurílio Teixeira Leite Penido, teólogo de fama internacional. Começou por participar do primeiro curso de teologia que os beneditinos organizaram para leigos no Brasil.A 7 de dezembro de 1935, Juca - então com 23 anos e depois de ler a História de uma alma, de Santa Teresinha do Menino Jesus - entra para o Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro. Na portaria, fuma seu último cigarro.Dois anos depois, ingressa no noviciado e recebe o nome de Basílio, em homenagem a São Basílio de Cesaréia. Depois de ordenado sacerdote (7/12/35), dom Basílio foi diretor da Editora Lumen Christi, do mosteiro, e começou a lecionar filosofia e religião no Colégio São Bento, do qual se tornou reitor (1948-54). Além de dirigir os estudos, introduziu um novo estilo de relacionamento entre reitor e alunos. Com eles jogava bola e sempre arranjava tempo para ouvi-los e ajudá-los a resolver problemas pessoais.Em 1960 foi nomeado prior do mosteiro carioca, mas no ano seguinte os superiores mandaram-no para o mosteiro de Olinda (PE) a fim de assumir o lugar do velho abade dom Bonifácio Jansen. E em 1972 foi eleito abade presidente da Congregação Beneditina Brasileira - o cargo máximo da Ordem de São Bento no Brasil, com 24 mosteiros (nove masculinos e 15 femininos). De todos os monges e monjas, ele se sentia verdadeiro pai. Quando fez 80 anos, ele se disse muito feliz por ser monge e ter sido eleito abade, abbas, pai: ""Me dá a oportunidade de exercer a paternidade espiritual"". Durante os 24 anos em que foi abade (1972-96), dom Basílio mostrou bem ser a pessoa indicada para o cargo. Já em 1967 (dois anos depois de concluído o Concílio Vaticano II) ele tinha fundado a Comissão de Intercâmbio Monástico do Brasil para aproximar mais entre si as famílias religiosas de diferentes origens que vivem no Brasil e seguem a regra de São Bento (congregações brasileira, americana, francesa, ita liana e húngara, congregação das irmãs missionárias beneditinas de Tutzing, cistercienses e trapistas).Responsável número 1 pela família beneditina brasileira, dom Basílio conseguiu da Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares, do Vaticano, duas mudanças consideradas até então impossíveis: a retirada das grades por trás das quais vivem as monjas enclausuradas e a faculdade de as abadessas poderem participar na eleição dos superiores da Ordem. Graças também a ele, foram fundados no Brasil oito mosteiros femininos. A ele, ainda, se deve a fundação de três mosteiros masculinos: Ponta Grossa (PR), Garanhuns (PE) e Brasília.Em 1987 dom Basílio renunciou ao cargo de abade de Olinda e, três anos depois, foi para o mosteiro de Brasília, fundado pessoalmente por ele e construído perto da Ermida de Dom Bosco, no final do Lago Sul. Desse mosteiro ele foi prior de 1990 a 1996. Neste ano voltou para Olinda, até que em junho de 2000, regressou, doente, ao mosteiro do Rio. E aqui, no dia 10 de setembro seguinte, sofreu um derrame cerebral de que resultou a hemiplegia no lado direito.Durante 24 anos dom Basílio foi membro do Sínodo da Ordem de São Bento, do qual fazem parte o abade-primaz (superior geral) e os outros 21 abades-presidentes das demais congregações beneditinas confederadas. E muitos anos também integrou a diretoria nacional da Conferência dos Religiosos do Brasil e foi dela presidente regional no Recife.Era um homem culto. Além do inglês que aprendeu com sua governanta, dom Basílio falava francês fluentemente. Fez o primário em Paris, no mesmo colégio em que estudara Guy de Fontgalland (menino que morreu com fama de santo), quando o pai era adido naval do Brasil junto à Liga das Nações. Foi sempre um apaixonado pela literatura francesa. Leu Bernanos e Mauriac, Péguy e Psichari, Claudel, Marcel e Mounier. Toda a literatura católica francesa lhe era familiar, de Pascal a Maritain. Foi amigo pessoal de Georges Bernanos. Muitas vezes o autor do Diário de um pároco de aldeia (que viveu em Barbacena, MG, nos anos 1938-45) subiu a ladeira do São Bento para conversar, horas a fio, com dom Basílio - um jovem precocemente calvo, magro, alto, sempre de hábito negro e que lhe abria um sorriso fraternal. Um dia, Bernanos escreveu num de seus livros a seguinte dedicatória: ""Para dom Basílio, o filho que não mereci, o filho de que não fui digno e que respeito como se fosse meu pai"".Dom Basílio foi a encarnação de um verdadeiro líder. Nenhum problema político e social lhe era indiferente em se tratando do povo a que o ligava sua vocação de monge e cristão, do que deu sobejas provas no Nordeste. E nos anos mais negros da ditadura militar mostrou extraordinária coragem ao denunciar as torturas e os maus-tratos sofridos pelos presos políticos em dependências militares do Recife. Amigo pessoal do marechal Castello Branco e dos generais Antônio Carlos Muricy e Alfredo Malan, com eles soube dialogar mas sem deixar nunca de tomar posição em favor dos perseguidos. Chegou mesmo a esconder em celas do seu mosteiro jovens que o Dops procurava.
Depois de dois anos e oito meses doente com hemiplegia em decorrência de um derrame cerebral, morreu nesta segunda-feira, dia 2 de junho de 2003, aos 88 anos, no Mosteiro de São Bento. O enterro deu-se no claustro do Mosteiro de São Bento, a seguir à missa de corpo presente, às 10h, de 3 de junho."
FONTE: CATOLICANET
POSTADO POR
Osmar Lucena Filho

sábado, 27 de fevereiro de 2010


Frei José de Santa Júlia Botelho exerceu, por longos anos, mais precisamente de 1881 a 1895, a alta função de Abade do Mosteiro de Olinda, em Pernambuco.
Por ocasião da chegada a Olinda dos "Monges de Maredsous", encarregados, por Leão XIII, de "restaurar" a Ordem beneditina no Brasil, Frei José de Santa Júlia Botelho renunciou ao citado posto, indo fixar residência no Mosteiro da Paraíba.
Também junto a esse cenóbio, assumiria Frei José o cargo de abade, administrando-o até 19 de julho de 1903, quando, "depois de longa enfermidade e confortado com os últimos sacramentos" , entregou sua grande alma ao Criador.







DOM PEDRO ROESER, OSB
* 1870 + 1955
Abade de Olinda, de 1907 a 1933
Fundou, em 1912, a Escola Agrícola e Veterinária do Mosteiro de São Bento de Olinda
LEIA-SE MAIS:
"O abade D. Pedro Roeser propôs, em 3 de julho de 1912, na reunião (capítulo) dos religiosos doMosteiro de São Bento, em Olinda (Pernambuco), a fundação de uma escola agrícola, sendo oprojeto unanimemente aprovado. Na mesma oportunidade foi decidido que os lentes para a referida escola seriam os próprios monges, e como não havia condições de mandar alguns delespara a Europa para se formarem, em função de a comunidade beneditina ser muito pequena,seriam convidados dois professores europeus para instruir os futuros monges professores. O abade D. Pedro Roeser consultou revistas científicas da Alemanha e da Áustria, buscando identificar um médico veterinário e um agrônomo para a escola. Apareceram oito candidatos,dentre os quais foram escolhidos o professor de medicina veterinária Hermann Rehaag,posteriormente professor de zootecnia da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (Viçosa,Minas Gerais), e o professor de ciências naturais e de agricultura Johan Ludwig Nikolaus. HermannRehaag nasceu em Pressitten (Prússia), em 4 de março de 1884, estudou na Universidade deGiessen, diplomou-se na Universidade de Berlim (1911), e era inspetor do matadouro de Braetz,quando se transferiu para Olinda. Johan Ludwig Nikolaus nasceu a 25 de setembro de 1886, emCzernowitz (Áustria), formou-se na Escola Superior de Agricultura desta cidade, foi professor dequímica e de experiências agrícolas (1905) desta mesma escola, vice-diretor do Jardim Botânicoda cidade, e trabalhava no Ministério da Agricultura de Bukovina (Rumania) quando veio para Olinda.

(...)
Sem apoio governamental, o abade D.Pedro Roeser resolveu fundar a Escola Agrícola eVeterinária do Mosteiro de São Bento de Olinda nas próprias dependências do Mosteiro de SãoBento. Seriam duas escolas em uma, particulares, mas de ensino gratuito. Em 3 de novembro de1912 houve o lançamento da pedra fundamental da instituição, e ao final de 1913 a obra foiconcluída.Na solenidade de inauguração da Escola Agrícola e Veterinária do Mosteiro de São Bento de Olinda, em 1º de fevereiro de 1914, o abade D.Pedro Roeser, fundador e primeiro diretor dainstituição, ressaltou a importância daquela iniciativa: Eis o que para mim é prova evidente de que em boa hora, acertei nos desejos do glorioso Povo Pernambucano com o fundar desta Instituição. A reflexão iluminad apela graça de Deus e confirmada pelos altos pareceres de meus Superiores deu-me a ver claro que a missão a seguir nesta nossa Abadia Olindense erajustamente aquela mesma de que o nosso Pai S. Bento tantas vezes nos adverteem incisos de sua santa Regra: A Cultura do Solo. O admirável progresso quefizeram as ciências naturais em nossos dias produziu uma completa revolução naAgricultura. Ora o agricultor hoje me dia já não pode mais guiar-se pelos processosde antanho, a criação do gado com a seleção artificial, que o melhora, entrou porestradas completamente novas, o tratamento dos animais domésticos e rurais já sefaz por novos horizontes, que as luzes da ciência vão dia a dia dilatando, entãoque fazer para cumprirmos à letra a Regra Santa da nossa Ordem Caríssima?Abrir a dupla Escola de Veterinária e Agricultura, sujeita a todos os métodosmodernos que a ciência requer”. (Apud , PRIMEIRO, 1916)Nesta ocasião o abade beneditino também destacou os vários apoios recebidos para aquelainiciativa da comunidade beneditina, como o de João Alfredo Corrêa de Oliveira (presidente doBanco do Brasil), de Manoel Paulino Cavalcanti (futuro diretor da Escola Superior de Agricultura eMedicina Veterinária, no Rio de Janeiro), de Fabio da Silveira Barros (presidente do senadoestadual), de Juvencio Mariz (Inspetor Agrícola), de Luiz Correia de Britto (fundador do postozootécnico de Jaboatão), de Antonio Pereira da Silva Lima, de João da Costa Pereira (fornecedorde preparados para o Instituto Bacteriológico), e de João Ignacio Cabral de Vasconcellos.As matrículas para o curso preparatório foram abertas em 5 de fevereiro de 1913, e as atividadesiniciaram-se em 1º de fevereiro de 1914, com a inauguração dos dois cursos, o de agricultura e ode medicina veterinária. O prédio que abrigaria a Escola Agrícola e Veterinária do Mosteiro de SãoBento de Olinda foi inaugurado no dia 14 de fevereiro de 1914, em solenidade que contou com abênção do Arcebispo de Olinda D. Luiz Raymundo da Silva Britto, e com a apresentação de umaorquestra regida pelo maestro Euclydes Fonseca, discípulo de Carlos Gomes." (Cf. Internet).
Dom Pedro Roeser, OSB, faleceu em 1955.
UMA
PESQUISA E TEXTO:
OSMAR LUCENA FILHO

COMUNIDADE BENEDITINA, REUNIDA NO CORO DO MOSTEIRO DE OLINDA, NO ANO DE 1986, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DO LIVRO "BENEDITINOS EM OLINDA: 400 ANOS", PRECIOSA COLETÂNEA DE TEXTOS E FOTOS SOBRE A ATUAÇÃO DOS FILHOS DE SÃO BENTO EM PERNAMBUCO.
AO CENTRO DA FOTO, O ENTÃO ABADE DOM BASÍLIO PENIDO, OSB.
(Acervo: Osmar Lucena Filho)

Frei Felipe de São Luiz Paim, OSB
Ex-abade de Olinda

Exerceu o cargo de Abade do Mosteiro de Olinda entre 1854 e 1860, tendo-se responsabilizado por grandes reformas no edifício monástico, como consta de texto gravado numa lousa afixada no interior deste. Diz o escrito: "ESTE MOSTEIRO FOI TODO REEDIFICADO NO ANO DE 1860, SENDO D. ABBADE O M.R.P.P. FREI FILIPPE DE S. LUIS PAIM."

Frei Felipe terminou sua jornada neste mundo, em Prazeres, no dia 13 de junho de 1885.

Em 25 de agosto de 1938, seus despojos mortais foram trasladados de Muribeca, no Estado de Sergipe, para o mosteiro olindense, em cujo claustro foram, numa cavidade aberta no interior da própria terra, piedosa e religiosamente, inhumados.

Pesquisa e texto: Osmar Lucena Filho
Fonte: Beneditinos em Olinda - 400 anos
EDIÇÃO: SANBRA - SOCIEDADE ALGODOEIRA DO NORDESTE. 1986.



















DOM BONIFÁCIO JANSEN, OSB

Nasceu na Alemanha a 18 de março de 1879, ingressou na Ordem a 21 de maio de 1899 e professou na serra do Estêvão a 14 de setembro de 1903, tendo recebido o presbiterato em Fortaleza, a 24 de janeiro de 1904.
Chegado ao Brasil em 1896, veio para o Ceará três anos após, tendo permencido em nosso Estado até 1909, aqui mantendo vasto círculo de relações.
Foi, sucessivamente, prior dos mosteiros de Santa Cruz (18.4.1908 a 13.2.1909), Olinda e Sorocaba, celeireiro dos de São Paulo e Rio de Janeiro e, por fim, abade de Olinda, cargo que exerceu de 22 de junho de 1933 a 14 de março de 1964, quando veio a falecer.
(Cf. Serra do Estêvão - autor: José Bonifácio de Sousa. In Revista do Instituto do Ceará)
Dom Bonifácio Jansen está sepultado no claustro do mosteiro de Olinda, sobre cuja campa podem ser divisadas estas expressões latinas:
"HIC JACET RESSURECTURUS
BONIFACIUS JANSEN
CI ABBAS HUJUS MONASTERII
CUI ANNOS XXI PRAEFUIT
NAT XVIII MART. MDCCCLXXIX
DEF SABATTO SITIENTES
XIV MART. MCMLXIV
SILENS CRUCEAT DILIXIT
SITIENS CAELOS MIGRAVIT"
Uma pesquisa e texto efetuados por
OSMAR LUCENA FILHO

ABAIXO: Foto de Dom Bonifácio Jansen, quando jovem.